quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

és tu.



Quando tentaste fazer-me uma trança hoje, duas vezes - sim, eu contei -  por exemplo. Acho que fazes de propósito, só pode. Tu sabes, não é? Tens que saber. Aliás, é óbvio. Não vês no meu olhar? Até eu sinto que estou a ser demasiado transparente quando os nossos olhos se cruzam. 

Voltando ao início: a trança. Eu gosto quando me tocas - pronto, podia ficar por aqui, mas não - no cabelo. Inadvertidamente os teus dedos tocaram no meu pescoço umas três vezes, reparaste quando fiquei com pele de galinha? És tu, é o teu toque. Sim, sou especialmente sensível no pescoço, mas contigo é diferente. E a maneira como mexes no meu cabelo? Tão cuidadoso, tão suave, tão bom. Claro que eu tentei ignorar todo este turbilhão de coisas estranhas que me estavas a fazer sentir. Sabes que não sou muito boa a lidar com estas coisas. Se calhar não sabes, eu não o mostro, pois. Tentei pegar no livro e fingir que estudava qualquer coisa, naquela atitude de "nem estou nada a ligar que me estás a mexer no cabelo e isto é tudo muito normal, olha para mim tão indiferente", acho que notaste - talvez esta minha frieza e distância te chateie, desculpa-me, é mais forte que eu. Disseste-me para estar quieta e inclinar a cabeça para trás, o que tornou a minha tarefa "fingir que estudo" um bocado complicada, desisti entretanto. Fui só eu, tu, as tuas mãos e o meu cabelo durante um tempo. Fechei os olhos com força, acho que numa tentativa de alguma forma poder transmitir-te os meus pensamentos, uma tentativa de telepaticamente te dizer "gosto de ti. gosto muito de ti".  Acho que os meus esforços não obtiveram resultados. Entretanto soltei um suspiro e numa tentativa de perceber o que te fazia levar tanto tempo a fazer o raio de uma trança levei as minhas mãos ao cabelo e devagarinho fui tacteando o trabalho que já tinhas feito. As tuas mãos lá encaminharam as minhas para poder perceber melhor o esforço que tinhas feito nos últimos minutos. Pareceu-me bem. Mas de propositadamente deixaste que ela se desmanchasse no final, querias começar de novo disseste, "não sei fazer tranças indianas", soltei uma gargalhada e lá te expliquei que não era uma "trança indiana", era uma "trança francesa". Numa tentativa de te conseguir ensinar comecei a primeira parte e ia pedindo que me fosses segurando mechas do meu cabelo. Depois os dois juntos lá fomos trocando mechas de cabelo e a trança lá se foi formando. As minhas mãos e as tuas iam-se tocando várias vezes. Vês? Uma coisa tão simples. O toque da tua mão na minha, soa quase ridículo, eu sei, mas eu gosto. Gosto do teu toque. Gostei quando ontem e hoje me afagaste a face de modo carinhoso. Soa piroso, soa. Eu sei. Mas eu gosto. Gosto de ti. 

Um dia, talvez, vais ler isto e vais perceber. Não sei, talvez não. Mas só quero que saibas que o teu toque só é importante por uma razão: porque eu gosto de ti, do que és, de quem és e principalmente, porque gosto de Quem te criou. Esperar assim não custa tanto, "o amor tudo espera, tudo suporta". 

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