ora então, hoje tínhamos dia "livre". "livre" porque depois éramos obrigados a ir à rica escolinha assistir ao dia oficial da escola e ouvir uma carrada de homenagens e "excelentíssimos doutores" aqui, e mais graxinha acolá. uma real bosta.
pois então as ditas celebrações começam às 5 da tarde. como o C já estava lá na escola desde o almoço a estudar (bendita alma) resolvi ir ter com ele por volta das 3. tudo muito bem até eu chegar à escola e ver uma data de gente trajada e pensar "maria, és mesmo burra, não vieste trajada porquê?". fui ter com o C e disse-lhe "estou a pensar voltar a casa e trajar-me" ao que ele me olhou com um ar de "estás parva maria?". mas no meu nariz ainda mando eu e ele nem se deu ao trabalho de me chamar à razão, só disse para me despachar.
agora notem, eu fui de calças para a escola - com o único par de calças que tenho em casa (não conto com os pijamas, claro está). umas calças caqui feínhas e deslavadas. só uso saias, gosto mais de me ver de saia e sinto-me mais confortável - não interessa agora explicar porquê. toda a mulher sabe que sair de casa com roupa que não se gosta é meio caminho andado para se sentir feia e uma bosta. por isso ir a casa mudar de roupa não era de todo má ideia. porquê que fui de calças? tinha todas as minhas saias ora a lavar, ora a secar, ora no cesto da roupa suja - foi um fim-de-semana atribulado, diga-se. porquê que não me lembrei de levar o traje mais cedo? porque sou parva.
ora então demorei quase uma hora a chegar a casa, malditos autocarros, parece que quanto mais pressa tenho mais o 7 faz questão de andar bem devagarinho. cheguei a casa numa correria, tinha 20 minutos para fazer a depilação rapidamente, trajar-me e apanhar o autocarro de volta. missão quase impossível, né? pois, já devia saber. ora então corri para o chuveiro e fiz a depilação num minuto - nem estou a brincar. corri para o quarto, olho para as pernas: merda. merda, merda, merda. todas cheias de sangue. parecia sei lá o quê. toca de tentar estancar o raio do sangue com a toalha. não parava. só me vinham palavrões à cabeça, temi proferi-los não fosse acontecer-me pior. toca de pôr creme hidratante e tentar estancar o raio do sangue, mas segundos depois lá estavam os vários pontinhos a jorrar outra vez. não fiz só a proeza de me cortar em vários sítios como nas duas pernas - maravilhoso. meias, tinha que vestir as meias - a pior parte do traje. uma perna já estava, quando enfio a outra só ouço um leve barulhinho que eu já sabia do que se tratava."não, não, não! por favor não!" - sim, tinha rompido as meias. mas não foi só um foguetezito, foi assim um buracão a começar no pé até meia perna. merda. toca de procurar outras meias. não há mais meias, só opacas. merda. não ia poder trajar. tanto trabalho para nada. 7 minutos para o autocarro. toca de ir vestir as calças à pressa. ouço outro barulho. o fecho das calças partiu-se, saiu o o coisinho que fecha (não sei o nome). "porra, estão a gozar comigo?" sento-me na cama e começo a rir feita parva. toca de ir procurar no cesto da roupa suja aquilo que estivesse menos mau. vestir rapidamente o que viesse à mão e sair de casa a correr.
chego à paragem e pergunto a um velhote se por acaso já tinha passado o autocarro, "minha menina, saiu agora mesmo". ri-me sozinha e agradeci-lhe. faltavam 15 minutos para o próximo. telefonei ao C e contei-lhe toda a história enquanto me ria. "não sei como consegues rir, a sério... estás mesmo bem?", "queres que quê? que chore?", "não, não. tem piada, mas eu se tivesse no teu lugar não me ia dar muita vontade de rir."
eu sei, eu sei que não sou muito normal. mas enfim, é o que temos.
já agora, ainda me ardem as pernas, até tenho medo de ir verificar o estrago que fiz.
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