domingo, 24 de junho de 2012

De ontem


D. Luísa - Ela (referindo-se a mim) é muito alegre, não é?
D - É sim, sempre muito alegre.

Sou mais alegre quando estou ao pé de quem gosto. Porque se dissesse que no fundo sou um bicho do mato ninguém acreditava. Todos me vêm alegre e espevitada, ninguém, além da minha roommie, vê o meu lado negro. Ela é a única que muitas vezes vem para o quarto e fala comigo e eu só murmuro porque tem mesmo que ser, mostro claramente que não tenho paciência para qualquer conversa.

Tenho alturas, e são cada vez mais frequentes, em que não gosto de ver ou ouvir ninguém. Que a única coisa que quero é estar sossegada no meu canto. Dias sem gente, dias sem barulho, dias vazios. Hoje queria um dia assim, mas parece impossível. Ás vezes é tão providencial ficar sem telemóvel, juro. Estou sem telemóvel desde ontem à noite e ainda não sei quando é que me o dão de volta, talvez amanhã à noite. Porra, sabe mesmo bem. Queria era que o telemóvel fosse a única maneira de contacto com pessoas hoje, e que por não o ter significaria que esse contacto seria inexistente. Mas lá está, parece impossível. Não tarda lá estão a entrar-me pela a porta do quarto adentro. E eu tenho que fingir que não me importo.

Como eu anseio por um dia viver sozinha. Já não peço um quarto só para mim, não me ia chegar. Eu queria mesmo uma casa só para mim. Pequenina, nada de especial. Só eu e, quem sabe, talvez um gato. Era o paraíso.

1 comentário:

Buu disse...

Credo, e como eu conheço tão bem esses dias em que ninguém te suporta (a)