segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Praxe, A Cru(z) II

Ora então, não quero admitir mas pronto, houve uma praxe que achei piada. Jogos tradicionais. Enfim, quem me conhece sabe que bastava ter a palavra jogo para me aliciar. E vá, eu gostei. Que ninguém saiba! Foi só aquela, pronto.

Já a última que fui, a apresentação da temível Comissão de Praxe, foi um nojo mas não morri. Praxe psicológica é tramada, mas safei-me bem e o que eles me dizem já me entra num ouvido e sai pelo outro sem fazer mossa, acho que estou a adquirir estofo para insultos. Tanto que a minha mãe quando me quer chatear e me diz alguma coisa mais desagradável já nem lhe respondo, já faz ricochete, a sério. Estou a ficar bem treinada, ora digam lá?! Ah pois é, se me perguntarem qual é a (única) vantagem da praxe eu já sei qual é, é aprender a ignorar insultos, criar um escudo invisível em que o filho-da-mãe do insulto não tem hipótese de passar e nos dar uma chapada na cara. Isto pode ser bastante útil um dia mais tarde, digo-vos. 

Mas voltando ao nojo da última praxe, além de nos terem fechado no auditório em que a única luz era a de umas quantas velas espalhadas, havia um cartaz enorme a dizer Dura Praxis Sed Praxis (que já agora, não sei o que significa nem tenho vontade de ir googlar e ficar a saber, tal é o interesse) e os riquinhos (filhinhos de uma grande ovelha desdentada - isto sou eu a ser amorosa) aos berros connosco e nós tadinhos com a cabecinha (e cauda, caso a tivéssemos) entre as pernas a morrer de calor (éramos 300 e tal fechados no auditório sem AC). Vá, cantaram-nos uma música fofinha lá para o meio, a letra era mais ou menos isto: "Morte ao caloiro, o caloiro vai morrer. Morte ao caloiro, o caloiro vai morrer.." e assim repetidamente numa alegria fúnebre, uma maravilha. 

Era fixe se isto tivesse ficado pelos gritos (percebam que quando refiro gritos é mesmo daqueles de ficar sem voz e que não são dois ou três a gritar, são 35! ao mesmo tempo!), mas não, aquela gente resolveu fazer uma praxe didáctica, estavam decididos a dar-nos uma aula de Anatomia e o aviso foi: "livrem-se só que se vomitem todos porque senão limpam o vomitado com a língua, livrem-se só que sujem os bancos ou o chão ou que façam cara de nojo e vão ver o que vos acontece" (introduzir 14 palavrões à vossa escolha na última frase - já está? Foi provavelmente assim que a frase foi dita, não quero que vão daqui enganados). Claro que este aviso descansou muito a malta, como podem imaginar. Começou-se a ouvir uns gemidos e uns gritinhos de repulsa por parte da caloirada e eles aos berros: "Ai está com nojo caloiro?? Está?? Então quero vê-lo a esfregar a cara nisso, mas com vontade!! Agora dê um beijo! Com a língua, caloiro! Isso!" (mais uma vez, estejam à vontade para introduzir uma catrefada de palavrões na última frase - podem fazer isso a todas as frases que forem proferidas por um "Doutor(a)", acontece todas as vezes que abrem a boca). Estive não sei quanto tempo à espera para poder ver o que era o raio da coisa que metia nojo a tanta gente. Acabou a espera, a colega do lado deu-me uma cotovelada e passou-me um grande pedaço de carne de porco em que se via a traqueia do animal exposta. O único pensamento que me atravessava a cabeça era "Maria, acima de tudo: não faças cara de nojo, não faças cara de nojo, não faças cara de nojo!". Passou a carcaça por mim sem grandes problemas, ainda estava meio em choque diga-se, não estava mesmo à espera que fosse um animal morto. Dois minutos depois mais uma cotovelada. Agora era a cabeça do porco em carne. Azar dos azares, peguei logo na porcaria dos dentes e olhei logo para o olho bem saliente do animal, estava era preocupada era em passar aquilo o mais rápido possível sem qualquer mudança da minha expressão facial. Missão cumprida com sucesso, não tive nem que esfregar a cara nem beijar ou lamber aquela nojice. 

Devo ter sido das poucas pessoas que não ficou com as mãos com sangue e a cheirar mal, a sério, não sei bem como. E é isto, agradeçam por terem praxes levezinhas meus amigos!

Amanhã o tema da praxe é: Pimba. Pede-se aos caloiros que levem roupa adequada ao tema e instrumentos musicais - está bem está! Cheira-me que me vou escapar com uma pinta do caraças.

Caloiro sofre!

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