terça-feira, 17 de abril de 2012

mas que porra é esta

que porra é esta que o Universo resolve atacar-nos o tempo todo com "casais fofinhos", demonstrações de afecto alheias, suspiros pelos cantos e sorrisos apaixonados em cada esquina? eu sei que é primavera, eu sei que apesar de estar a chover lá fora a malta teima em ter o sol no coração e tralalalás, mas porra, porque raio é que resolvem todos espetar-me a felicidade na cara tipo recado cósmico? eu já percebi, é lindo, sabe bem e deixa a malta de borboletas no estômago e outras coisas mais lindas, coisas essas inexplicáveis pelo que me contam. mas a sério? a sério que eu tenho mesmo que assistir a tudo e perceber que afinal até é bonito e não magoa só? é que agora não, por favor. agora não posso. agora não quero. agora tenho medo. um medo gigante. e venham cá dizer-me que não se pode ter medo, que as coisas boas da vida são para aproveitar, que tem que se arriscar e que quem não tenta nunca sabe o que poderia ter vivido; venham cá dizer-me dessas coisas que estou farta de ouvir e são capazes de sair com uma cana do nariz partida. 

não é querer fazer-me de coitadinha. a sério, não é. não sou coitadinha nenhuma. só fico chateada porque me vêm sempre com aquelas frases de filme feitas "segue o teu coração", "se não arriscares nunca sabes" e tretas do costume. "segue o teu coração" é só a frase mais idiota de sempre, para não dizer altamente parola, mas pronto, parolice uma pessoa dá desconto, agora estupidez aguda não. o coração não sabe nada, nada, nada. se eu seguisse o meu coração já tinha morto alguém, já era mãe de três filhos (sim, tive uma fase na adolescência que queria ser mãe à força toda, era o que o meu coração estúpido me dizia - alguém teve a decência de me meter juízo), já tinha feito uma enorme quantidade de parvoíces que não me íam levar a lado nenhum. "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?" (Jeremias 17:9), se tiverem que aprender alguma coisa da Bíblia aprendam isto. 

eu tenho medo. eu não quero arriscar. eu não quero bater com o nariz na porta. não quero espetar-me ao comprido no chão. não tenho perfil para me atirar de um precipício sem saber como está o mar. já fui assim, já não sou. não estou a fechar a porta a essas coisas todas bonitas, estou a abri-la mas fico dentro de casa sossegadinha. eu sei que isto vai parecer ridiculo a, provavelmente, toda a gente que ler isto, temos pena. isto sou eu. 

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